Intervenção de Francisco Lopes, Lisboa

Intervenção de Francisco Lopes no Grande Comício do Campo Pequeno

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Intervenção de Francisco Lopes no Grande Comício do Campo Pequeno, Lisboa

Uma grande e sentida saudação para todos e cada um de vós.

Que grande comício.

Que extraordinária demonstração de conjugação de vontades, de participação, de determinação e confiança.

Que exemplo de dedicação e entrega generosa e abnegada à causa da melhoria da vida dos trabalhadores e do povo português.
Que força de intervenção e mudança.

Que livre e plena manifestação pela causa da transformação social, por uma sociedade e um mundo mais justos.

Camaradas e amigos,

Após uma intensa pré-campanha, a nossa campanha iniciou-se há uma semana com o grande comício no Palácio de Cristal, no Porto, uma iniciativa com uma dimensão e participação que nenhuma das outras candidaturas igualou.

Desde então a minha, a nossa campanha não parou de crescer por todo o país, com uma participação popular sem paralelo e aqui estamos hoje, a projectar essa dinâmica nos dias que faltam para crescer e avançar.
E digo a minha, a nossa candidatura, porque esta candidatura é expressão de uma vontade colectiva, porque esta candidatura é cada vez mais a candidatura de todos aqueles que justamente indignados com o actual rumo desastroso do país aspiram a uma vida e a um país melhor.

Camaradas e amigos

A nossa candidatura distingue-se de todas as outras.

A minha, a nossa candidatura é a única que assume a Constituição da República Portuguesa como um texto vivo, cuja aplicação faz parte do projecto de mudança que Portugal precisa.

Alguns, talvez incomodados por esta candidatura ser a voz dos problemas e das aspirações dos trabalhadores, dos jovens, dos idosos, das mulheres, das populações, dos pequenos e médios empresários, de todos os que são duramente atingidos pela política de direita, tentam fazer crer que não entendemos quais são as funções e poderes do Presidente da República.

É caso para perguntar se leram, se conhecem ou, afinal, se querem fazer esquecer o que a Constituição consagra? Verdadeiramente o que querem é fazerem dela um texto morto, mas o papel do Presidente da República está claramente definido..

Um presidente que, com verdade, jure cumprir e fazer cumprir a Constituição, só pode ser um presidente que garanta que a soberania, que é una e indivisível, reside no povo português.

Só pode ser um presidente que assegura que Portugal se rege pelos princípios da independência nacional, dos direitos dos povos, da igualdade entre os Estados, da solução pacífica dos conflitos internacionais.

Só pode ser um presidente que pela sua acção garanta e faça garantir que todos os portugueses têm direito ao trabalho, a um salário que permita uma vida condigna, à segurança no emprego, à liberdade sindical, que têm o direito à greve.

Um presidente que, com verdade, jure cumprir e fazer cumprir a Constituição, só pode ser um presidente que garanta através da sua acção que todos têm direito à segurança social, à saúde, à habitação, à educação, ao ensino e à cultura.

Um presidente que seja digno da Constituição República só pode ser um presidente que utiliza os seus poderes para garantir a subordinação do poder económico ao poder político democrático, que faça promover a justiça social, combater as desigualdades na distribuição da riqueza e do rendimento, que assegure a plena utilização das forças produtivas do país, que nas relações económicas internacionais se rege sempre pela independência e os interesses nacionais.
Então perguntamos nós, quem é que, afinal, depois de jurar cumprir e fazer cumprir a constituição, lhe vira as costas, a esquece, quer vê-la esquecida e de facto a rasga?

Eles! E não a nossa candidatura. A nossa candidatura é que fala a verdade!

O que os incomoda é que abordemos as injustiças e a actual situação do país, apontando as suas causas e denunciando os seus responsáveis e quem ganha com elas, reafirmando a defesa dos direitos dos trabalhadores e do povo português.

A nossa candidatura é a única que aponta como necessário uma profunda ruptura com a política de direita e de abdicação nacional, por isso mesmo, a única candidatura patriótica e de esquerda.

Por isso mesmo, a única candidatura com um projecto para um Portugal melhor: produção, trabalho, serviços públicos, soberania e democracia – o projecto consagrado Constituição da República.

Camaradas e amigos,

Uma das questões muito colocada é a do financiamento do país. A nossa opinião é clara, o principal financiamento é apostar na produção nacional, na criação de riqueza.

Alguns, usando como argumento as consequências da sua política de desastre, o que propõem são novas fases da venda do país a retalho, comprometendo ainda mais o seu futuro.

É o caso de Cavaco Silva, que como Presidente sempre colocou os interesses dos grupos financeiros à frente dos interesses do povo e do país, que liquidou grande parte da nossa produção, das nossas pescas, da nossa agricultura, que desbaratou vultuosos fundos, vem agora, defender (como “solução” aquilo a que chama de “venda de activos”, que mais não é que) a entrega aos grupos financeiros do que o Estado ainda detém na Galp, na PT e na EDP. Aí está o “brio nacional” de quem faz parte desta equipa de vendedores do património nacional unidos na política de direita que já entregou meio País, que alienou empresas estratégicas, que é responsável pela fuga de dezenas de milhões de euros de lucros dessas empresas para o estrangeiro.

Em vez de erguer a voz contra os especuladores, acena-lhes com a oferta da parte que resta.

Estranha noção esta do interesse nacional! Grande demonstração do que representaria para o país a sua eleição.

Não. Não é este o rumo, nem estas as soluções! O que o País precisa é de defender e afirmar a sua produção, é retomar o controlo público sobre os sectores estratégicos, é de fazer ouvir a sua afirmação patriótica e não soçobrar perante a especulação.

A campanha eleitoral tem demonstrado de forma clara que Cavaco Silva, Manuel Alegre, Defensor de Moura e Fernando Nobre nada mais têm a oferecer ao povo e ao país do que a continuação do caminho de declínio, de injustiça e de liquidação da soberania nacional.

Cada um à sua maneira, são responsáveis, comprometidos ou cúmplices da política que levou Portugal ao desastre.

Todos e cada um deles, promoveram, apoiaram ou avalizaram o Orçamento de Estado para 2011, merecendo justamente o titulo de “candidatos do Orçamento”, orçamento da ruína, da exploração, do desemprego, da degradação e ataque aos serviços públicos, da pobreza.

Agora, durante campanha eleitoral, perante as consequências do Orçamento na vida dos trabalhadores e do povo português, todos e cada um deles, procuram desresponsabilizar-se por aquilo que antes promoveram, apoiaram ou avalizaram.

Como já foi dito, se a hipocrisia e o cinismo pagassem imposto, teríamos o défice pago por estes candidatos do Orçamento.

A minha, a nossa candidatura foi a única que com coragem e frontalidade disse NÃO a este Orçamento de recessão, de desemprego, de corte nos salários, de congelamento das pensões, de corte dos apoios sociais, de aumento dos preços, de perda de poder de compra, de mais benefícios ao capital financeiro. Foi a única que disse não a este Orçamento porque disse e diz sim ao desenvolvimento, à justiça e ao progresso sociais.

Uma vez mais, a nossa candidatura é a candidatura da verdade. Não da dissimulação. É a candidatura da coerência, da denúncia e combate à política de direita. Não do comprometimento com essa política.

Esta semana, Passos Coelho e Sócrates entraram nas campanhas de Cavaco Silva e Manuel Alegre.

Curiosamente no mesmo dia e à mesma hora, como querendo testemunhar que até quanto ao momento da “chegada” a estas eleições estão em perfeita harmonia.

Aí estão, Passos Coelho e Cavaco Silva, José Sócrates e Manuel Alegre, cada um fingindo à sua maneira desavenças, mas unidos pelos PEC's, unidos no roubo aos salários, unidos na protecção aos banqueiros, unidos pelo Orçamento de recessão e injustiças que impuseram ao povo e ao país.

Isto mostra que Cavaco Silva não está só no que se refere às responsabilidades pela actual situação do país.

Que também Manuel Alegre esteve em todos os momentos decisivos participando, apoiando ou sendo cúmplice da política que levou o país ao desastre, da política de direita, seja na destruição do aparelho produtivo, no enfeudamento à integração europeia, na agressão à soberania nacional.

Agora, Manuel Alegre “espanta-se” com a calamitosa situação da agricultura, das pescas, do desemprego, da pobreza. É caso para dizer que o que é espantoso é o seu oportuno espanto perante as consequências da política de desastre nacional pela qual bem sabe que é responsável.

Aí estão os quatro provando que não é por ali que há solução, que não é nessas candidaturas que está o Presidente que o país precisa, nem o rumo novo de mudança que é preciso assegurar.

Para quem como Cavaco Silva pretende apresentar-se como pessoa séria a sua campanha, as falsidades que semeia, aí estão para o desmentir.

A desfaçatez com que perguntou pelos responsáveis dos injustos sacrifícios impostos aos portugueses, a desfaçatez com que apontou apenas para outros a responsabilidade pelo roubo aos trabalhadores da Administração Pública colocam-no no limite da farsa.

Então não foi Cavaco que apoiou e estimulou Sócrates e Passos Coelho em cada uma da medidas dos PEC?

Então não foi Cavaco Silva que se empenhou, apadrinhou e incentivou este Orçamento de desgraça e pobreza?

Então não é de Cavaco Silva a assinatura que está por baixo do roubo nos salários, da roubo no abono de família, do roubo no complemento dos idosos?

Sim Cavaco Silva é tão responsável quanto o Governo PS pela acentuação da gravidade dos problemas e pelas injustiças sociais que neste inicio de 2011 estão a atingir o povo português.

Camaradas e amigos

Cavaco Silva tem perguntado o que seria de Portugal se ele não fosse eleito presidente.

Daqui respondemos o que qualquer português de bom senso e sentido de justiça responderá: um Portugal bem melhor, mais desenvolvido e soberano.

Por isso afirmamos a nossa candidatura como alternativa, para a mudança que o País precisa. Portugal será melhor, mais desenvolvido, mais justo, se tiver como presidente quem, como a nossa candidatura assuma, assegure nas funções e poderes presidenciais uma acção vinculada aos interesses dos trabalhadores e do país, defendendo, cumprindo e fazendo cumprir a Constituição da República, afirmando um caminho de desenvolvimento firmado na produção e recursos nacionais, afirmando com honra o lugar de Portugal enquanto nação soberana e independente.

É para afirmar essa necessidade que, com redobrado entusiasmo e convicção, entramos nesta recta final da campanha eleitoral.

Aqui estamos com a confiança e a determinação de que é necessário e é possível construir um grande resultado eleitoral:

- Um resultado que derrote prognósticos sobre vencedores antecipados.

Um resultado que contribua para dar expressão a essa exigência de mudança que anima tantos portugueses.

- Um resultado que contribua para condenar este rumo de declínio nacional e esta política de injustiças e empobrecimento dos portugueses, que PS, PSD, CDS, que Cavaco Silva e Manuel Alegre ao longo das últimas décadas têm imposto ao país.

Aqui estamos como a candidatura que verdadeiramente constitui a alternativa a Cavaco Silva.

A candidatura que se distancia e diferencia de todas as outras que, de um modo ou doutro, estão comprometidas com a actual política de abdicação nacional e injustiça social.

A candidatura que pode trazer a esperança numa vida melhor, que anima as aspirações, a vontade de milhões de trabalhadores e portugueses.

Uma candidatura onde podem e devem somar, podem e devem confluir todos os que acreditam no futuro deste país e na construção de uma vida digna.

Uma candidatura que, naturalmente, tem a confiança dos comunistas, dos ecologistas, dos democratas e cidadãos independentes que agem e lutam por um país de progresso e justiça social.

Mas também uma candidatura que se dirige a todos os trabalhadores e a todos os portugueses que estão indignados com o PS e o seu governo, a todos os que se sentem enganados pelas falsas promessas de Sócrates e da sua maioria.

Uma candidatura que se dirige a todos os que justamente desconfiam das falsas palavras desse PSD que, responsável e cúmplice por tudo quanto de pior tem sido imposto aos trabalhadores e ao povo, aparece agora cinicamente a criticar cada uma das medidas que aplaudiu, apoiou e votou.

Uma candidatura que se dirige a todos os que sentem vontade de desistir, dizendo-lhes que não desistam, que vale a pena acreditar, que vale a pena confiar em quem tem palavra e está consigo nas suas luta e inquietações; dizendo-lhes que a melhor resposta que têm para dar é juntarem-se a nós com o seu voto para condenar os que no governo ou na presidência há muito desistiram de Portugal.

O desfecho destas eleições e o que nelas se decidirá não será traçado na base de sondagens, palpites ou outros prognósticos.

É nas mãos de cada português que está a opção decisiva entre deixar tudo na mesma ou escolher a mudança de que o país precisa.

É responsabilidade de cada um, está nas mãos de cada um, decidir com o seu voto:

- poder ter como Presidente da República quem assuma uma posição clara em defesa dos trabalhadores e dos seus direitos;

- poder ter como Presidente da República quem faça ouvir a sua voz e os seus poderes para travar o rumo de injustiças sociais e para não permitir a vergonhosa submissão do poder político ao poder económico;

poder ter como Presidente da República quem enfrente com honra o ataque do capital financeiro e quem não se vergue perante os interesses das grandes potências europeias;

- poder ter como Presidente da República quem cumpra e faça cumprir a Constituição da República, quem exerça os poderes e funções que dispõe no respeito pelos valores de Abril e pelos direitos e conquistas sociais dos trabalhadores e do povo português.

Camaradas e amigos,

Temos perante todos e cada um de nós a exigência uma intensa semana de esclarecimento e mobilização para o voto na nossa candidatura.

O que nos move não é o que nos querem fazer crer como provável, mas a força de sermos homens e mulheres que não são indiferentes, que se indignam, que se unem e mobilizam contra a injustiça e a exploração, participando e intervindo com o melhor que têm de si, com a certeza de que se impõe e é possível uma vida melhor para os portugueses, que é necessário e possível um Portugal melhor.

Àqueles que insistem em definir por nós os objectivos da nossa candidatura, dizemos e reafirmamos, que esta é uma candidatura dirigida a todos os patriotas e democratas, a todos os portugueses que tendo anteriormente tido outras opções de voto se sentem justamente enganados, a todos os portugueses que não se resignam nem desistem de construir uma vida melhor.

Esta é a candidatura dos trabalhadores. A única candidatura em que os trabalhadores sabem poder confiar para defender os seus direitos. A única candidatura que defende os seus direitos, a melhoria dos salários, a sua dignidade.

Esta é a candidatura que assume as preocupações dos micro pequenos e médios empresários.

Esta é a candidatura que assume a defesa de um presente de progresso e justiça social e que assegure o futuro de realização pessoal e profissional aos jovens, às novas gerações.

Esta é a candidatura que dá expressão aos direitos das mulheres. Ao cumprimento do direito à igualdade, mas igualmente aos problemas e anseios das mulheres portuguesas ao mesmo tempo que apela à sua participação e luta.

Esta é a candidatura que expressa o direito à dignidade dos reformados pensionistas e idosos, das pessoas portadoras de deficiência.

Esta é a candidatura que dá expressão e voz aos intelectuais e quadros técnicos, aos homens e mulheres da cultura.

A todos eles dizemos que, no dia 23 de Janeiro, façam ouvir a sua voz, que levantem bem alto a sua voz pelo direito a uma vida digna, por um Portugal melhor, votando na minha, na nossa candidatura.

Esta candidatura, a nossa candidatura, não se calará perante a injustiça e a exploração.

A nossa candidatura pesa e pesará tanto mais no futuro próximo do País quanto cada um de vós, cada um dos portugueses que aspira a uma vida melhor lhe derem o seu apoio. Uma candidatura, um candidato pronto a assumir todas as responsabilidades que o povo me entenda atribuir nesta eleição.

A minha, a nossa candidatura levantará a sua voz pela ruptura com a política de declínio e abdicação nacional e pela necessária e empolgante mudança que leve à concretização das aspirações do povo português, abertas por Abril e consagradas na Constituição da República portuguesa.
Que cada um marque presença com o seu voto, na minha, na nossa candidatura.
O voto na candidatura patriótica e de esquerda
O voto na candidatura dos trabalhadores
O voto na Constituição da República Portuguesa
O voto por um Portugal com futuro

Viva a juventude
Vivam os trabalhadores
Viva o povo português
Viva Portugal

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