Intervenção de José Barata Moura, Mandatário Nacional da Candidatura de Francisco Lopes, Lisboa

Intervenção de José Barata Moura no Grande Comício do Campo Pequeno, Lisboa

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Intervenção de José Barata Moura no Grande Comício do Campo Pequeno, Lisboa

Camaradas e Amigos,

Estamos aqui reunidos hoje, neste grandioso comício, para manifestar o nosso apoio, a nossa confiança, a determinação da nossa firmeza, em levar avante e a bom porto a candidatura de Francisco Lopes à Presidência da República.

Manifestamos o nosso apoio, que é o apoio de quem trabalha e de quem está com os trabalhadores, prosseguindo Abril e tudo aquilo que ele pôde conduzir. Um apoio que aponta no sentido da defesa e da promoção de um destino para Portugal que não seja o da apagada e vil tristeza, que não seja o da subalternidade, que não seja o da subserviência. Um destino que não pode consistir na acomodação resignada, ao refazer das algibeiras dos especuladores (sem rosto, mas com desmedida ganância), por uma sobre-exploração acrescida e mais prolongada das forças de trabalho, daquelas forças, que só elas criam essa riqueza que tão mal repartida anda.

Manifestamos a nossa confiança num candidato e num projecto. A confiança no poder das ideias quando são correctas e sempre que são agarradas pela força social que está em medida de as traduzir em realidades. A nossa confiança de que a complexidade dos problemas tem que ser reconhecida na totalidade das suas vertentes, contradições que cruzam as suas dinâmicas. A confiança de que, com um acompanhamento esclarecido, a complexidade (que nos mistificam a cada passo) não pode mais ser brandida como pretexto para continuar a impor presumidas «soluções» (pseudo-soluções) que, apertando todos (em proporção diversa) e à custa de muitos, apenas a bem poucos aproveitam. A nossa confiança de que, mais do que ladainhas de preocupação quanto ao futuro, o que faz falta é uma ocupação esclarecida e firme com a sua transformação.

Manifestamos a nossa determinação de levar avante uma luta (porque é de luta que se trata), uma luta difícil e retorcida (nas instituições e nas magistraturas democráticas, na cena internacional, no espaço público), a luta por uma mudança de políticas e por uma viragem na política, por um verdadeiro cuidado social, pelo viver da sociedade, por uma reorientação efectiva da economia, para o serviço da qualificação e da dignificação da existência dos seres humanos (todos, e na realidade todos).

Aparentemente condoídos, murmuram alguns que não há saída e que, por isso, o melhor seria que - piorando – tudo na mesma ficasse. Ansiosos, muito ansiosos, pressionam outros (às vezes, os mesmos) para que haja entrada, a entrada do «papão», literalmente, daquele que tem um descomunal apetite... de «papar». Atarantados, afadigam-se mais uns tantos, numas entradas por saídas, em que a repetida confusão do «cravo» e da «ferradura» apenas traduz o desnorte e eventuais intenções boas frente a males que não se sabe, ou se teme, debelar. Mas, há saída, camaradas, há saída. Só que a saída – um duro processo em que há muito para trabalhar – impõe algumas saídas... e algumas entradas. A cartilha liberalista (dos vários obedientes bem-comportados) que acabou por nos trazer, e ao País, à situação de insustentável crise com que nos debatemos tem que sair. A ruptura (efectiva) com estas orientações e com os tiques e com os toques dos seus agentes de sucursal tem que entrar.

O significado da candidatura de Francisco Lopes à Presidência da República inscreve-se, e escreve, neste contexto movente de luta e de construção de alternativas . Mais, num quadro alargado de convergências trabalhadas e sérias que importa pôr de pé e fazer frutificar.

Nós estamos aqui. Nós estamos cá. E nós vamos continuar a estar, e a combater, procurando, com o nosso alerta, com os nossos contributos, com a nossa participação, um rumo consistente, patriótico, de esquerda, para Portugal – soberano, democrático, solidário, não apenas nas palavras, mas nos actos e no corpo deveniente das difíceis realidades. Uma votação expressiva na candidatura de Francisco Lopes, no próximo domingo, corresponde a um relevante momento neste processo necessário, neste trajecto, nesta trajectória. Estou certo de que cada um de nós – e que cada um dos muitos como nós que aqui não puderam vir – não deixará de se empenhar no bom resultado desta tarefa. Para que viva Portugal!

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