Intervenção de Jerómino de Sousa, Secretário-geral do PCP, Lisboa

Intervenção de Jerómino de Sousa no Grande Comício do Campo Pequeno, Lisboa

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Intervenção de Jerónimo de Sousa no Grande Comício do Campo Pequeno, Lisboa

Amigos e camaradas:
A todos vós as minhas mais cordiais e fraternas saudações.
Este grandioso comício, esta bela e impressionante moldura humana, é bem a expressão do êxito que constitui esta nossa candidatura – a candidatura de Francisco Lopes – e o reconhecimento da sua importância no combate pela ruptura e pela mudança política tão imperiosa e necessária na sociedade portuguesa.

Agora que nos aproximamos rapidamente do momento da eleição e com mais nitidez se pode observar a trajectória da evolução da campanha e do conjunto das candidaturas, bem podemos afirmar, com inteira verdade, quanto necessária e quanto imperativa era esta candidatura de Francisco Lopes à Presidência da República.
Nenhuma outra candidatura, nenhum outro candidatado se apresenta perante os trabalhadores e o povo com um genuíno projecto político de esquerda, capaz de enfrentar a gravidade da situação a que o País chegou e lançar a patriótica tarefa de colocar Portugal no caminho do desenvolvimento, da justiça e do progresso social.

Nenhuma candidatura, nenhum candidato está, como Francisco Lopes, liberto de apoios cumplicidades e compromissos com os que são responsáveis por anos de governação de retrocesso social e ruína nacional.
A única candidatura que assume sem rodeios e sem dissimulações uma frontal oposição com a política de direita de Sócrates, Passos, Cavaco e companhia e que jamais meteu as mãos no atoleiro da hipocrisia política reinante.
Uma candidatura que se afirmou como uma candidatura nacional pelo seu projecto para Portugal, o seu apego aos valores de Abril e à sua Constituição, mas também pela capacidade pessoal, preparação e experiência política reveladas que são também um selo de garantia de uma candidatura que está nesta batalha eleitoral em pé de igualdade com qualquer outra.

Uma candidatura que tem vindo em contínua ascensão e que, estamos certos, pode ir muito longe com o esforço empenhado de todos os seus apoiantes, de todos aqueles que a transformaram num grande espaço de unidade dos que procurar os caminhos da mudança necessária para dar a volta à situação de crise e de declínio a que o país chegou.

Cavaco Silva é o candidato que se auto proclamou como o grande construtor do consenso para aprofundar as injustiças e agravar as condições de vida do povo que vem fazer em tempo de eleições as perguntas que nunca fez no momento e no sítio certo, quando como Presidente da República, as devia ter feito, exigir respostas e tomar, então, as correspondentes medidas.
É ele que agora que vem pedir para os políticos falarem verdade, como se ele não fosse por inerência do cargo, o mais responsável dos políticos portugueses e se não fosse um dos mais responsável dos políticos pelas decisões que conduziram o país à crise e ao declínio.
É ele que agora capciosamente interroga porque é que chegámos a esta situação em que nos encontramos, pondo-se de fora e no ignominioso papel dos que fogem sempre às suas responsabilidades.
É ele que pairando acima de uma realidade que ele próprio ajudou a criar, vem perguntar porque é que não foram tomadas as medidas certas, no tempo certo ou ainda descaramento dos descaramentos, qual é a justiça na distribuição dos sacrifícios que agora são impostos aos portugueses.

É grande a desfaçatez! É grande o atrevimento de quem sabe o mal que fez.
O candidato Cavaco Silva não sabe como chegámos até aqui?
Nós lembramo-lo!
Cavaco Silva não sabe qual é a justiça na distribuição dos sacrifícios que agora são impostos aos portugueses e chora lágrimas de crocodilo nos seus comícios de campanha pelos atingidos. Não sabe que o esbulho dos portugueses que vivem do seu trabalho contou não apenas com o seu silêncio, mas com o seu aval. O aval da chancela da inevitabilidade, em nome da fraude da acalmia dos mercados.
Fala em política de verdade, mas não há verdade nas políticas assentes na mistificação e na mentira e na injustiça!

Cavaco Silva não é apenas o presidente da crise, mas o Presidente das falsas aparências e da hipocrisia!

Cavaco Silva não é a solução dos problemas do país, nem o garante da defesa dos portugueses que vivem do seu trabalho.

O futuro com Cavaco Silva será a continuação do mesmo rumo de declínio nacional e de aprofundamento da crise.

Esses interesses que querem na Presidência alguém capaz de jogar o seu jogo e manter na Presidência um posto avançado no ataque ao que resta das conquistas de Abril, ao que resta também dos direitos dos trabalhadores e do povo.

Camaradas:

Não faltam por aí os propagandistas, disfarçados de comentadores isentos a fazer crer que as eleições estão decididas. Que há já um vencedor antecipado e na primeira volta.

Querem com as suas calculistas e nada inocentes previsões desarmar os portugueses que lutam pela verdadeira mudança, por uma real alternativa.

Querem fazer crer que o voto dos que não aceitam e se opõem a esta vergonhosa política está condenado ao fracasso.

Querem que os portugueses que aspiram a um novo rumo para o país se conformem e digam não vale a pena lá ir, não vale a pena votar.

Nós não aceitamos os veredictos antecipados, quem decide é o voto popular!

Nem Cavaco Silva já ganhou, nem há candidatos privilegiados com passagem antecipadamente garantida à segunda volta!

Nada está resolvido!

Neste combate que travamos e perante o descabido anúncio das vitórias antecipadas, o que se impõe é dar mais força à nossa campanha e ampliar o combate que estamos a travar, esclarecendo o que está em jogo nestas eleições e da importância da candidatura de Francisco Lopes.

É preciso dizer que quantos mais votos tiver a candidatura de Francisco Lopes, menos hipóteses tem Cavaco Silva de vencer e menos força e campo de manobra têm os protagonistas e executores da política de direita.

É por isso que continuamos a afirmar que os votos em Francisco Lopes para além de somarem para a derrota de Cavaco Silva, são também votos verdadeiramente úteis contra a política dominante de direita e de afirmação de uma exigência de mudança e de ruptura com tais políticas.

Camaradas:

Estamos na derradeira semana da campanha eleitoral. Temos feito uma grande campanha eleitoral!

Por todo o país, a campanha de Francisco Lopes tem vindo a avançar e a recolher um alargado apoio popular e por isso justificadas razões para confiar num bom resultado da nossa candidatura!

Precisamos agora de um esforço final nesta semana que falta, convocando todas as nossas energias e disponibilidade para ampliar a corrente de simpatia e apoio à candidatura de Francisco Lopes.

O combate pela conquista do voto popular é uma tarefa de todos nós, de todos os que estão empenhados em procurar os caminhos da mudança necessária para dar volta à situação de crise e declínio a que o país chegou.

Temos muito trabalho pela frente. Muito ainda a fazer no esclarecimento, na mobilização para o voto, levando a todo o lado os objectivos e as propostas desta nossa candidatura.

Precisamos de garantir que nenhum voto se perca!

Ainda é hora de ir ao encontro dos portugueses, incluindo dos que estão desiludidos com anos consecutivos de política de direita, enganados por promessas vãs e, por isso, indecisos.

Ainda é hora de ir ao encontro dos muitos milhares de homens e mulheres que votaram no passado nas forças políticas e nos candidatos que suportaram anos de governação à direita e dizer-lhes que chegou a hora de mudar e de ultrapassar preconceitos.

Dizer-lhes a todos que têm uma saída para as suas justas inquietações.

Que é possível com o seu voto e com a luta do nosso povo mudar a nossa vida!

Que há uma solução para o desabrochar da esperança e para a construção da mudança!

Dizer-lhes que é esta candidatura que afirma os valores de Abril, os valores da liberdade, da democracia, do desenvolvimento, da justiça social e da independência nacional.

Que a solução não é a abstenção, que não é a hora para se ficar calado ou desistir. Que o voto na candidatura de Francisco Lopes é o voto que, como nenhum outro, expressa o descontentamento, o protesto, a exigência de mudança.

Nós temos confiança no nosso candidato e na força, disponibilidade, mobilização e querer de todos os portugueses e de todos os democratas que estão nesta grande batalha na defesa dos valores de Abril e para que se abra uma nova fase da vida nacional.

Daqui dizemos e apelamos aos trabalhadores, ao povo português que contamos com o seu apoio, daqui lhe garantimos que podem também contar com esta força de luta, que continua a manter bem alta a bandeira da esperança e da confiança por uma vida melhor para os portugueses!

Com toda a determinação, vamos em frente! Contamos convosco!

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