Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral do PCP, Barreiro
Comício no Barreiro « Os Penicheiros»
Sábado 8 de Janeiro de 2011Artigos Relacionados
Chegámos ao momento em que todos seremos poucos para levar a bom porto a candidatura de Francisco Lopes que se apresentou aos portugueses para afirmar e dar força a uma exigência de efectiva mudança na sociedade portuguesa, em ruptura com as políticas que conduziram o país ao atraso e à crise.
Estamos a entrar na última fase – a fase da campanha eleitoral oficial – em que é imperioso convocar todas as nossas energias, todas as nossas capacidades e toda a nossa disponibilidade e determinação para ampliar a corrente de simpatia e apoio à candidatura de Francisco Lopes e da luta que transporta por uma alternativa política patriótica e de esquerda.
Nestes dias já longos de pré-campanha foi-se tornando evidente nos debates e no confronto com as outras candidaturas a justeza e a necessidade da candidatura de Francisco Lopes e de um projecto para Portugal alicerçado nas mais profundas aspirações dos trabalhadores e do povo, respeitador de Abril e dos seus valores de democracia, liberdade, desenvolvimento, justiça social e independência nacional que nenhuma outra está em condições de assumir e defender.
Uma candidatura diferente que não se confunde com nenhuma das outras candidaturas por mais de esquerda que se auto-afirmem ou por mais preocupações sociais que proclamem, porque esta é distinta de qualquer delas. Todas as outras se afirmam independentes e acima dos partidos, mas na verdade todas estão em graus diversos comprometidas com as políticas de direita.
Nenhuma candidatura está, como a candidatura de Francisco Lopes, em condições de protagonizar e promover uma ruptura com tais políticas que são a causa da grave crise e das dificuldades que o país e os portugueses hoje enfrentam.
Isso o compreenderam muitos portugueses por onde tem passado, percorrendo o país de Norte a Sul, ao reconhecerem essa distinta singularidade da sua candidatura e que nos dá fundadas razões para confiar que seremos capazes de ultrapassar com êxito esta batalha tão importante na evolução da situação do país e na vida dos portugueses nos próximos anos.
Uma candidatura que não se traduz apenas em palavras, mas numa permanente intervenção e acção de anos de combate em defesa da causa dos trabalhadores e do povo.
Uma candidatura e um candidato que expressa e sente as aspirações a uma vida melhor para os trabalhadores, porque foi esse combate que norteou todo o percurso da sua vida.
Francisco Lopes não descobriu agora os malefícios e as perniciosas consequências de uma política de desastre nacional que tem sido prosseguida por sucessivos governos nos últimos anos, nem tão pouco esteve à espera pelo dia da apresentação da sua candidatura para dizer o que pensava sobre as políticas do actual governo de José Sócrates que, na mesma linha dos anteriores, vem impondo um ainda mais severo programa de austeridade e de dificuldades para os trabalhadores e para o povo, aprofundando desigualdades e injustiças.
Francisco Lopes esteve e está há muito em todos os combates decisivos para a defesa dos interesses vitais do nosso povo e das suas condições de vida e de trabalho.
Uma candidatura que temos a firme convicção que os portugueses a vão levar ainda mais longe com o seu apoio e o seu voto.
Temos razões para estarmos confiantes no êxito da nossa candidatura. E sublinho nossa, porque este não é apenas um combate pessoal, mas uma luta de todos os que têm consciência de que a candidatura de Francisco Lopes é de grande importância na construção de um Portugal desenvolvido, de justiça e de progresso. Porque tem um ideal, um projecto que se alicerça num ideal e num projecto de um grande colectivo.
Temos justificadas razões para pensar num bom resultado da candidatura de Francisco Lopes que vai surpreender todos aqueles que se orientam apenas pelos resultados das sondagens eleitorais.
Temos confiança que o povo vai querer e nós vamos trabalhar para disputar em igualdade de circunstâncias com qualquer outra candidatura a passagem à segunda volta, porque esta é uma candidatura de parte inteira e que vai até onde os portugueses a queiram levar.
Temos confiança que no próximo dia 23 de Janeiro, os portugueses não se deixarão iludir, nem impressionar pela bem urdida campanha mediática que dá como certa a vitória de Cavaco Silva na primeira volta, só pelo simples facto de assim ter acontecido com outras recandidaturas no passado. É preciso dizer que Cavaco Silva só ganha se tiver mais votos que a soma de todos os outros. E isso está muito longe de estar garantido pela tradição! Porque quem decide não são as considerações dos comentadores encartados ou as sondagens, mas o voto popular.
Neste combate que travamos e perante o descabido anúncio das vitórias antecipadas o que se impõe é não baixar a guarda e continuarmos o combate e as bandeiras da nossa luta!
Precisamos de dizer claramente a cada um e a todos os que aspiram a um Portugal com futuro que cada voto na candidatura de Francisco Lopes é um voto que soma para derrotar Cavaco Silva e ao mesmo tempo afirmar uma exigência de mudança e de ruptura com as actuais políticas que de forma concertada José Sócrates e Passos Coelho e os seus partidos com o patrocínio de Cavaco Silva e o aplauso de toda a direita e dos grandes interesses económicos estão a impor ao país. Um voto que conta no dia 23. Um voto que contará no dia seguinte, porque dá mais força à luta!
Um combate que só a candidatura de Francisco Lopes está em condições de travar, porque é a única candidatura livre de compromissos com a política de direita, e não está subordinada aos que são responsáveis pelo caminho de injustiças, de exploração e pelo declínio económico nacional. A única capaz de confrontar Cavaco Silva com as suas responsabilidades pela situação que está criada no país. As responsabilidades de quem nos últimos cinco anos à frente da Presidência da República deu ânimo e avalizou a mais brutal ofensiva conduzida pelo governo do PS de José Sócrates contra os interesse populares e deu força a uma política de ruína do país e dos portugueses.
Desse candidato que agora se apresenta como se nada tivesse a ver com o caminho que o país seguiu, de agravamento do desemprego, de degradação económica e social e do rasto de destruição da riqueza nacional.
Desse candidato que agora vem prometer uma “magistratura activa” para o futuro e assumir-se como o candidato dos pobres, dos desempregados, dos que viram os seus rendimentos reduzidos e dos que sofrem a exclusão social.
Onde estava este candidato que assim fala e o que fez na Presidência nos últimos cinco anos quando viu duplicar o desemprego, reduzir os apoios aos desempregados, aos idosos, atacar os salários dos trabalhadores, incluindo dos que ganham apenas o salário mínimo nacional? Onde estava a sua “magistratura activa” enquanto assistia ao afundamento do país e à degradação e empobrecimento dos portugueses? Estava na Presidência da República incentivando a “cooperação estratégica” e a promoção dos consensos para atacar as condições de vida e de trabalho dos que agora faz piedosas declarações de defesa e solidariedade.
Diz que os problemas não se resolvem com retórica, mas o que são senão pura retórica, palavreado oco sem qualquer consequência, as promessas deste candidato em que em 2005 já então prometia salvar o país e não salvou, antes deu força às opções que conduziram o país à crise. A mesma retórica que anunciava e prometia colocar Portugal no “pelotão da frente”, mas cujo saldo está hoje patente na profunda crise que o país atravessa.
Cavaco Silva não é garantia nenhuma de segurança e solidariedade para os que menos têm como proclama com maior da desfaçatez, não o foi no passado, não o será no futuro.
O futuro com Cavaco Silva será a continuação do agravamento de todos os problemas do país, o aprofundamento da crise, o prosseguimento do mesmo rumo de enfeudamento aos grandes interesses económicos e financeiros e o mais fiel guardião da ortodoxia financeira do Pacto de Estabilidade e Crescimento e dos que falam em nome do mercados que põem a ferro e fogo a economia e a vida dos portugueses.
Cavaco Silva nunca foi nem é o cidadão “independente”, como ele próprio e os seus correligionários querem fazer crer e muito menos o cidadão “neutro” que está acima de qualquer interesse, nem tão pouco o “salvador da pátria” que a propaganda do auto-elogio sem limites quer fazer crer sob a capa do economista competente.
A nossa história está cheia de salvadores da pátria que arruinaram o país e de gente competente, mas que colocaram a sua competência, não ao serviço do povo, mas ao serviço dos que à custa do povo fazem fortuna.
Desse candidato que nos convida à rendição face à ditadura dos mercados financeiros e dos especuladores! Que é incapaz de apresentar uma proposta e tornar pública uma orientação para conter a gula desenfreada dos especuladores e defender o país. Que apenas exige o silêncio dos portugueses que contestam o roubo perpetrado ao país com a especulação da dívida pública e do endividamento externo. Que propositadamente confunde e mete no mesmo saco a actividade financeira normal com actividades especulativas, porque essa é a orientação do neoliberalismo dominante que aprisionou o poder político ao estrito interesse dos senhores do dinheiro e dos mega bancos e do seu sistema explorador.
O povo português não pode continuar a pagar a agiotagem que é praticada por estes senhores com a conivência também do governo português, do Banco de Portugal e Presidente da República que estão nas mãos do capital financeiro que cada vez mais domina o poder político.
Mas em matéria de conivência com tal política é bom que se diga não é apenas um atributo do actual candidato e Presidente.
Quem dá aval ao Orçamento de Estado anti-social e de ruína nacional para 2011 como faziram Manuel Alegre, Nobre e Defensor de Moura, quem diz que ele é um mal menor, ou uma inevitabilidade é porque não tem uma política alternativa e uma solução para os verdadeiros problemas do país. Foi nessa posição que se colocaram todos os outros candidatos, à excepção de Francisco Lopes.
É por isso que a real bipolarização nestas eleições é entre os candidatos que apoiam a situação, as candidaturas de suporte à política de direita e o único candidato que assume como questão central e decisiva a ruptura e a mudança com tais políticas – o candidato Francisco Lopes – o nosso candidato!
A única candidatura que os portugueses podem encontrar do lado dos trabalhadores, dos reformados, do micro, pequenos e médios empresários, dos agricultores, sem artifícios nem duplicidades, é a candidatura de Francisco Lopes.
É por isso que não se pode perder nenhum voto dos que aspiram a uma ruptura patriótica e de esquerda com as políticas que têm sido seguidas. Quantos mais votos tiver a candidatura de Francisco Lopes, também menos hipóteses tem Cavaco Silva de vencer.
É por isso que dizemos que os votos na sua candidatura para além de somarem para a derrota de Cavaco Silva, são também votos verdadeiramente úteis contra a política dominante de direita e de todos os candidatos que a suportam. Votos que são dados a uma candidatura e a um candidato que jamais se retirará do combate seja qual for o seu desfecho, mas que continuará a luta na defesa dos interesses e direitos dos trabalhadores e do povo.
Luta que é preciso nas actuais circunstâncias continuar a travar. E tanto mais necessária quanto Portugal está confrontado com uma situação marcada pelas injustiças e pelo retrocesso social que não dispensam apenas o voto consciente e certeiro dos portugueses, mas a própria luta de massas – a luta dos trabalhadores e do povo – da sua iniciativa, da sua acção da sua força organizada para conter a ofensiva que aí está, inverter a actual marcha de degradação económica e social e forçar a concretização de um novo rumo para o país.
Os tempos que se avizinham são tempos difíceis para o nosso povo e são grandes os perigos que é preciso enfrentar. Nós temos confiança no êxito e na concretização dos grande objectivos da nossa candidatura, no nosso candidato e na força, disponibilidade, mobilização e querer de todos os portugueses e de todos os democratas que estão nesta grande batalha na defesa dos valores de Abril e para que se abra uma nova fase da vida nacional.
Portugal pode e deve vencer apoiando esta nossa candidatura, a candidatura de Francisco Lopes, a candidatura dos que não aceitam o Portugal das desigualdades sociais e das injustiças. A única candidatura que no tempo que se segue ao dia 23 de Janeiro vai estar presente e solidário com a luta dos trabalhadores e do povo.
Daqui dizemos e apelamos aos trabalhadores, ao povo português que contamos com o seu apoio. Daqui lhe garantimos que podem também contar com esta força de luta, que continua a manter bem alta a bandeira da esperança e da confiança por uma vida melhor para os portugueses! Temos convicção que todos juntos saberemos dar a resposta que se impõe aos desafios que temos pela frente!