Intervenção de José Barata Moura, Mandatário Nacional da Candidatura de Francisco Lopes, Lisboa
Intervenção de José Barata Moura no Grande Comício do Campo Pequeno, Lisboa
Domingo 16 de Janeiro de 2011Artigos Relacionados
Camaradas e Amigos,
Estamos aqui reunidos hoje, neste grandioso comício, para manifestar o nosso apoio, a nossa confiança, a determinação da nossa firmeza, em levar avante e a bom porto a candidatura de Francisco Lopes à Presidência da República.
Manifestamos o nosso apoio, que é o apoio de quem trabalha e de quem está com os trabalhadores, prosseguindo Abril e tudo aquilo que ele pôde conduzir. Um apoio que aponta no sentido da defesa e da promoção de um destino para Portugal que não seja o da apagada e vil tristeza, que não seja o da subalternidade, que não seja o da subserviência. Um destino que não pode consistir na acomodação resignada, ao refazer das algibeiras dos especuladores (sem rosto, mas com desmedida ganância), por uma sobre-exploração acrescida e mais prolongada das forças de trabalho, daquelas forças, que só elas criam essa riqueza que tão mal repartida anda.
Manifestamos a nossa confiança num candidato e num projecto. A confiança no poder das ideias quando são correctas e sempre que são agarradas pela força social que está em medida de as traduzir em realidades. A nossa confiança de que a complexidade dos problemas tem que ser reconhecida na totalidade das suas vertentes, contradições que cruzam as suas dinâmicas. A confiança de que, com um acompanhamento esclarecido, a complexidade (que nos mistificam a cada passo) não pode mais ser brandida como pretexto para continuar a impor presumidas «soluções» (pseudo-soluções) que, apertando todos (em proporção diversa) e à custa de muitos, apenas a bem poucos aproveitam. A nossa confiança de que, mais do que ladainhas de preocupação quanto ao futuro, o que faz falta é uma ocupação esclarecida e firme com a sua transformação.
Manifestamos a nossa determinação de levar avante uma luta (porque é de luta que se trata), uma luta difícil e retorcida (nas instituições e nas magistraturas democráticas, na cena internacional, no espaço público), a luta por uma mudança de políticas e por uma viragem na política, por um verdadeiro cuidado social, pelo viver da sociedade, por uma reorientação efectiva da economia, para o serviço da qualificação e da dignificação da existência dos seres humanos (todos, e na realidade todos).
Aparentemente condoídos, murmuram alguns que não há saída e que, por isso, o melhor seria que - piorando – tudo na mesma ficasse. Ansiosos, muito ansiosos, pressionam outros (às vezes, os mesmos) para que haja entrada, a entrada do «papão», literalmente, daquele que tem um descomunal apetite... de «papar». Atarantados, afadigam-se mais uns tantos, numas entradas por saídas, em que a repetida confusão do «cravo» e da «ferradura» apenas traduz o desnorte e eventuais intenções boas frente a males que não se sabe, ou se teme, debelar. Mas, há saída, camaradas, há saída. Só que a saída – um duro processo em que há muito para trabalhar – impõe algumas saídas... e algumas entradas. A cartilha liberalista (dos vários obedientes bem-comportados) que acabou por nos trazer, e ao País, à situação de insustentável crise com que nos debatemos tem que sair. A ruptura (efectiva) com estas orientações e com os tiques e com os toques dos seus agentes de sucursal tem que entrar.
O significado da candidatura de Francisco Lopes à Presidência da República inscreve-se, e escreve, neste contexto movente de luta e de construção de alternativas . Mais, num quadro alargado de convergências trabalhadas e sérias que importa pôr de pé e fazer frutificar.
Nós estamos aqui. Nós estamos cá. E nós vamos continuar a estar, e a combater, procurando, com o nosso alerta, com os nossos contributos, com a nossa participação, um rumo consistente, patriótico, de esquerda, para Portugal – soberano, democrático, solidário, não apenas nas palavras, mas nos actos e no corpo deveniente das difíceis realidades. Uma votação expressiva na candidatura de Francisco Lopes, no próximo domingo, corresponde a um relevante momento neste processo necessário, neste trajecto, nesta trajectória. Estou certo de que cada um de nós – e que cada um dos muitos como nós que aqui não puderam vir – não deixará de se empenhar no bom resultado desta tarefa. Para que viva Portugal!